Agradecimento sincero

... e uma homenagem aos meus pimpolhos
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Todo aluno é um mau-caráter. O mau-caratismo faz parte da natureza do aluno assim como a tromba faz parte da natureza do elefante. Por isso que sou professor: nunca tive um aluno que não fosse um protótipo de canalha ou um crápula em processo de desenvolvimento. Isso é evidente; se toco no assunto é porque um desses biltres teve a pachorra de comentar que eu reclamo de tudo, que eu critico todo mundo e que não perdoo nem Marx nem Jesus. Reconheço que o sujeito não está de todo errado, assim como meu tio Nelson, eu sou um reacionário: minha reação é contra tudo o que não presta. E nesse mundo quase nada presta. Também já reclamaram que eu que falo muito do Capeta. Não peço desculpas, mas pra ser sincero falo por falar, nem o conheço. Aliás, pra não deixar de ser sincero, tenho que ressaltar que não o conheço para além dos livros de ficção e dos causos que o povo conta; óbvio. Igualmente não conheço Deus, nunca o vi pessoalmente, nunca conversamos; ainda assim mantenho com ele uma relação de respeito mútuo: eu não acredito nele e ele não acredita em mim! Se por vezes faço críticas a um ou a outro, não é nada pessoal, acho até que somos um tanto parecidos, estamos num mesmo nível e temos projetos semelhantes; por conta disso, inclusive já pensei em sentar e prosear com os dois numa mesa de boteco. Entre uma e outra dose de cachaça poderíamos conversar sobre os nossos anseios de poder e nossos desejos de dominar o mundo. Se não os convidei ainda, assumo que não foi apenas falta de tempo, foi por precaução. Não confio em nenhum dos dois, mas ouvi dizer que pelo um deles gosta de negociar e fazer pactos; vou tentar, se eu conseguir um lugarzinho especial no inferno pra colocar cada um meus alunos já vou sair no lucro.