Filosofia do medo

O medo da morte e a mente perturbada
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Thomas Hobbes é um filósofo do medo. Em vida foi um covarde, mas não foi bobo. Conhecia bem a natureza humana, sabia que o egoísmo e o desejo de poder de cada um era uma ameaça a todos os outros e que, por conta deles, os conflitos e as guerras eram inevitáveis. Sabia que, assim como ele, os outros homens são medrosos e covardes porque temem a morte e se apegam à vida mesmo quando ela é solitária, miserável, sórdida e embrutecida. Junte o risco eminente de conflito, a violência ameaçadora e o medo e se tem os ingredientes básicos para a formulação da defesa de um Estado totalitário. O medo perturba a mente; em qualquer época, em qualquer lugar, o medo da morte violenta leva o homem a aceitar qualquer situação que possa lhe garantir a vida. Para garantir sua sobrevivência o homem aceita se submeter a governos autoritários, aceita abrir mão de seus direitos, de sua liberdade, de sua felicidade... Mesmo o mais medíocre estadista sabe o poder do medo, sabe que o medo é o soberano que iguala os homens e também sabe que os regimes políticos precisam de terríveis inimigos; sejam eles reais ou imaginários.