Palhaçada cruel

Do pó vieste, ao pó voltarás...
.
Banho de Sangue, Palhaço mata quinze na Vila Vintém. Essa foi a manchete, escrita em letras garrafais, do jornal Expresso. Óbvio, eu comprei o meu; não sei quantos outros fizeram o mesmo. Dentro do jornal a notícia era outra: havia apenas um boato de chacina, possivelmente um acerto de contas entre traficantes, muitas especulações e nenhum corpo encontrado. O Expresso é vendido por 50 centavos em todas as bancas do Rio, é um exemplo fácil da cultura da violência que domina a cidade. De modo geral, a capital fluminense está longe de ser o local mais perigoso do país contudo a imagem que se faz ali e dali é impressionante. No mesmo dia o concorrente Meia Hora trazia o nome de oito chefões do pó; isso apenas na capa, cercando a foto da bunda de uma Big Brother! Traficantes são figuras quase mitológicas, cheios de poderes; seus crimes reais e imaginados estão na cabeça de todos e a violência é o maior sinônimo do poder e da impotência. Com isso vende-se jornais, armam-se diversos esquadrões de guardas particulares e milícias armadas por policiais corruptos, diversas estruturas de poder paralelo e roubalheira ganham fortunas... Muitos perdem, mas sempre há quem ganhe; e quem ganha quer sempre ganhar mais, a qualquer custo...